Procuro palavras... não as
encontro! Qualquer tentativa de delimitar as sensações que tive nos últimos
dias, é pouco para expressar o tamanho da emoção que senti.
Saímos de São Paulo e fomos direto
para Salvador fazer o lançamento do filme no Cine Cena Unijorge no dia 28/11. A
sala estava lotada. Pessoas muito curiosas querendo conhecer um pouco mais da
história de Joelma e prestigiar o nosso trabalho. Momento de reunir novamente a
equipe e celebrar por Joelma ter nascido. Momento de rever professores e amigos
que há tempos não encontrava.
Em seguida fomos para Ipiaú no
dia 02/12 (aniversário da cidade) e fizemos o que considero a melhor sessão do
filme até então. Momento único! A Câmara de Vereadores lotou. Quase 100 pessoas
curiosas para assistir ao filme e prestigiar a Joelma original, que estava
presente, com vestido novo produzido por ela e peruca que acabara de comprar. O
vizinho Wally Salomão dizia que a memória é uma ilha de edição. Nunca me
esqueci disso, assim com nunca me esquecerei do momento que descreverei em
breve.
Abro um adendo para falar que as
primeiras exibições de filmes meus, em Ipiaú, tinha o máximo de 20 pessoas na
platéia. Todos familiares! E lá sempre estava meu avô, Edward Pereira de
Oliveira, presente, a fazer seus belos discursos e dizer que sentia uma alegria
e uma tristeza grande ao perceber a dimensão do que estava sendo feito e a
proporção da participação e envolvimento da sociedade. Só queria dizer que
senti sua falta meu avô. Onde estiver, saiba que continuo no caminho do bem. O
Senhor não precisa mais se preocupar: está dando certo!
Durante o filme, eu ali, na
frente da tela, assistia a cada cena como se fosse a primeira vez. E me
emocionava como qualquer outro espectador. E Joelma também na frente,
comentando todo o filme, rindo da bicicleta, falando do seu hombrico (o marido
português), dizendo que adorou a cena de sexo, apontando para a boneca Rosemary, cantando toda a trilha sonora da
filme, mostrando a igreja das treze almas para os convidados... A Avemaria
tocou e as lágrimas desceram sem ninguém perceber. Saí correndo para beber
água. O filme terminou, as pessoas levantaram das poltronas e aplaudiram de pé
as Joelmas ali presentes.
Ainda emocionado, pego o
microfone e dedico todo o reconhecimento do filme à Joelma, hoje musa de Ipiaú,
por toda originalidade e inspiração. Ela é única, é vanguardista, é resistência
e fragmentação. Se não fosse por ela, nada disso aconteceria. Ao agradecer, um
filme passa novamente em minha mente, a garganta trava, viro o rosto e coloco
as mãos nos olhos para enxugar as lágrimas que caem em público. Toda a plenária
se emociona, lavando nossa alma que tanto clama por renovação!
Até o silêncio ser quebrado por
Joelma que começou a expulsar a maldição que havia na câmara de vereadores de
Ipiaú, segundo ela. Entrego o microfone, pois é momento dela ter voz, falar o
que sente a todos. E foi assim que voltamos aos sorrisos, abraços e à
comemoração dos 78 anos de emancipação da nossa queria Ipiaú!
Foto: Marcel Hohlenwerger
Fantástico! Consegui me transportar para o momento. Acho q a repercussão e os aplausos são mais do que justos. O filme é merecedor e a iniciativa é extraordinária.
ResponderExcluirJoelma saiu da "periferia da vida" para as telas, e das telas para a história.
Parabéns a você Edson e à Ipiaú, terra que ainda há de reflorescer. Abraço